Antropologia e Tecnologia, um diálogo/reflexão

Ana Flávia
2 min readJun 28, 2021

A tecnologia é o nosso novo(?) espaço de interação, nossa praça, nosso shopping, nossa rede, nosso objeto de exercício e de reflexão.

Todo espaço é observável. Essa é uma afirmação muito científica e independente da sua área de estudos, podemos concordar com isso. Se partirmos dessa premissa, qual é o impedimento do espaço virtual ser objeto de etnografia? Nenhum! O objeto da Antropologia é o ser humano, portanto, onde tem gente, tem um agente antropológico.

Cliffort Gueertz, um autor clássico da antropologia, explica que não é o espaço, e nem o método, senão um exercício intelectual, uma descrição densa:

Segundo a opinião dos livros-textos, praticar a etnografia é estabelecer relações, selecionar informantes, transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um diário, e assim por diante. Mas não são essas coisas, as técnicas e os processos determinados, que definem o empreendimento. O que o define é o tipo de esforço intelectual que ele representa: um risco elaborado para uma “descrição densa”,

Há décadas poderíamos pensar que a observação fosse limitada nesse ambiente, mas hoje sabemos: existem muitos “espiões” que conhecem — com uma precisão assustadora — quais conteúdos consumimos na internet.

Mas por que estou escrevendo isso? Você provavelmente sabe disso muito mais do que eu, afinal, sou nova por aqui. Faço isso para apresentar a minha reflexão a respeito do estudo antropológico nas redes. Lembro que um dos primeiros artigos que amei ler durante a graduação foi uma etnografia da internet, era o Orkut, na época.

Agora vejo o quanto é possível esse diálogo. Aliás, é urgente uma reflexão. Um entendimento do quanto, do como, do porquê estamos passando tanto tempo por aqui e de como democratizar esse acesso, mas isso é assunto para outro post.

Para concluir, deixo a frase atribuída a Terencio 163 D.C: Homo sum: “nihil humani a me alienum puto.” Em uma tradução livre:

“Sou humano: julgo que nenhuma humanidade me é alheia."

Quem sabe daqui alguns anos encontramos novos espaços observáveis? Nós, antropólogos, certamente, estaremos lá o//

Esse é o meu primeiro texto nessa plataforma. Então, se você está lendo, obrigada por me acompanhar. :)

Ana Flavia S

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Ana Flávia

Uma antropóloga apaixonada por natureza, ciência e humanidades.